O Poder das Comunidades

Artigo originalmente publicado aqui.

Era uma quinta feira de manhã e eu estava indo para uma entrevista de emprego, em meados de 2010. Não era valorizado onde estava e estava cansado, desesperado para encontrar alguma empresa que me valorizasse.

Embora naquela época tivesse bastante conhecimento técnico na minha área de atuação, eu tinha um grande problema: agia sempre sozinho.

A oportunidade em questão era para ser programador Java, conhecimento que eu já tinha acumulado o suficiente para ser reparado por uma empresa americana líder de software naquela época e, no meio da entrevista a moça me pergunta “você faz parte de alguma comunidade de programação?”, e eu disse categoricamente “não, eu vejo as soluções na internet e não me sinto engajado com essas coisas porque eu resolvo tudo sozinho”. Foi a frase que ela não queria ouvir e eu enterrei minha oportunidade aí.

Alguns anos se passaram e eu continuei agindo dessa forma, um pouco egoísta, não lia livros técnicos, não me engajava com comunidades e nem compartilhava meu conhecimento. Ficava tudo centralizado em mim.

O resultado disso tudo veio a tona em 2016: quando fui demitido e não tinha conhecimento no mercado o suficiente para me reposicionar. Comecei a reparar que, além do conhecimento adquirido ao longo dos anos, também é preciso que as pessoas saibam do que você é capaz, quais suas limitações — o que é normal — , quais suas fraquezas, anseios e objetivos na vida. Sem isso, você está sozinho, em um mundo com 7,7 bilhões de pessoas.

No final de 2018, recebi um convite maluco: escrever um livro junto com 33 pessoas sobre o conhecimento que já havia acumulado. No começo achei um pouco estranho, escrevi a minha parte e confesso que achei que não ia dar em nada, até que 2 meses depois fechamos o livro e mais 4 meses depois, publicamos. Foi um sucesso.

Depois do lançamento, mais uma ótima notícia: o valor arrecadado com as palestras sobre o livro seriam doadas para instituições de caridade.

Embora eu tenha sido muito egoísta em não compartilhar meu conhecimento no mundo corporativo, no meu lado pessoal, eu sempre gostei de ajudar as pessoas, sempre me engajei com voluntariados, em ajudar e ensinar ao próximo. Acho que este egoísmo profissional tinha mais a ver com medo de alguém querer “tomar o meu lugar” na empresa, sabe? Talvez isso a psicologia chame de “medo de perder o emprego” ou “insegurança” mesmo.

Depois disso, ao longo de 2019, eu vi que quanto mais engajado nós estamos com pessoas no mesmo propósito, mais você aprende, mais você compartilha e mais você ajuda e, consequentemente, mais você cresce. Cresce como pessoa e como profissional.

Hoje eu entendo a pergunta da entrevistadora, entendo o poder que uma comunidade tem e entendo o porque da empresa fazer a escolha em escolher pessoas engajadas com comunidades: pensamento coletivo e aprendizado contínuo.

Estes são alguns caminhos do sucesso: compartilhar, aprender, saber desaprender, ensinar e ajudar.

E você, faz parte de alguma comunidade? Compartilha comigo. 🙂

Abraço!

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